Modos de escrita

Modos de escrita

 

O desenvolvimento de um ambiente de ensino-aprendizagem à distância oferece um conjunto de ferramentas que foram pensadas, em princípio, com determinados objetivos. Isto não quer dizer que todos os usuários fazem o mesmo uso das mesmas ferramentas. O modo de usá-las, em parte, define o tipo de metodologia que um curso usa. Daí a importância de se conhecer as diferentes ferramentas disponíveis no ambiente.

Um aspecto interessante é observar como as diferentes ferramentas (especialmente as de comunicação) demandam modos diferentes de uso da escrita.

Participar de um Bate-papo ou de um Fórum são práticas diferentes de uso da linguagem não só porque uma é síncrona e outra é assíncrona. O mesmo acontece em relação a um Weblog e a uma Wiki.

Os nomes das ferramentas – por exemplo, Bate-papo e Fóruns de Discussão – já anunciam que as interações que se dão nesses contextos são diferentes entre si. O mesmo acontece em situações cotidianas não mediadas pela tecnologia: bater papo com alguém é diferente de discutir um assunto com essa mesma pessoa.

Tais práticas om a linguagem levam em conta não só as regras ortográficas e gramaticais que regem a nossa língua, como também o que se denomina de “gênero discursivo”. Os gêneros são formas historicamente construídas pelos falantes de uma cultura e se revelam por modos de dizer diferentes em função de seus propósitos. Não se escreve um bilhete da mesma forma que se escreve um ofício; não se escreve um editorial da mesma forma que se escreve uma resenha e assim por diante. Isso não significa que esses modos de dizer sejam estáticos, ao contrário, eles também estão sujeitos a mudanças porque dependem das demandas sociais de uma determinada cultura. Com o crescente uso do computador e da internet mais e mais temos ouvido falar dos gêneros “híbridos” que misturam um ou mais gêneros já conhecidos.

E como os alunos – às vezes pouco familiarizados com certos gêneros – aprendem a usá-los? Só se aprende o funcionamento de uma ferramenta – seja do ponto de vista técnico ou funcional – usando-a em contextos significativos. Nesse sentido o modo como uma ferramenta é introduzida aos alunos pelo professor/formador pode fazer diferença.

Vejamos um exemplo. O que se pretende de um Fórum de Discussão? Que cada aluno dê a sua contribuição e que a contribuição dos demais possa suscitar novas ideas e relações. Assim, é desejável, que o Fórum seja visitado por todos os participantes várias vezes. Se as pessoas entram uma ou duas vezes, escrevem o que pensam e não retornam ao Fórum, definitivamente o Fórum não é um Fórum. Às vezes isso acontece porque a mensagem inicial não conseguiu deflagrar a discussão. É comum encontrarmos mensagens iniciais que são perguntas:

“O que vocês acham da posição do fulano a respeito de X? Vocês concordam com ele? Por que? Adotariam outro ponto de vista? Justifique”.

A leitura de um enunciado deste tipo, em geral, faz com que o aluno responda à questão do professor/formador. E só. A discussão só surgirá se as respostas dos alunos forem dissonantes e o professor/formador tiver habilidade suficiente para constrastar tais perspectivas e devolvê-las ao grupo para nova discussão.

A mensagem de abertura de um Fórum, portanto, precisa ser preparada de tal modo que possa desencadear uma discussão entre os participantes. Caso contrário corre-se o risco de transformar um Fórum em um jogo de perguntas e respostas.