Sistemas e Métodos na Constituição de uma Cultura mediada por Tecnologias de Informação e Comunicação

E-CIDADANIA: SISTEMAS E
MÉTODOS NA CONSTITUIÇÃO
DE UMA CULTURA MEDIADA POR
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO
COORDENADO POR:
M. Cecilia C. Baranauskas
FINANCIADO POR:
Instituto Virtual FAPESP- Microsoft Research
Parceria do Instituto de Computação -
Unicamp

Reflexões e Impactos:

O Projeto de Pesquisa e-Cidadania, selecionado pelo primeiro edital do Instituto Virtual FAPESP-Microsoft Research, tinha objetivo ousado: construir conhecimento sobre meios e métodos para promover o acesso participativo e universal do Brasileiro à cidadania, usando tecnologias de informação e comunicação da época (2007-2010). Nesse edital, o Instituto Virtual reconhecia que o “acesso à conectividade digital” era cada vez mais crítico ao avanço “econômico, educacional e social” em nosso país, e que as possibilidades da computação e da tecnologia de informação e comunicação precisariam ser estendidas para além da base de usuários tradicionais de computadores.  Esse edital surgiu no contexto em que a Sociedade Brasileira de Computação (SBC) havia promovido o seminário “Grandes Desafios de Pesquisa em Computação no Brasil: 2006-2016”, que resultou em um dos cinco Grandes Desafios definido como “Acesso Participativo e Universal do Cidadão Brasileiro ao Conhecimento”.    O Projeto e-Cidadania buscou respostas a esse desafio, investigando a relação que as pessoas com pouca (ou nenhuma) familiaridade com a tecnologia digital estabelecem em suas comunidades informais, organizadas em torno de algum interesse especial, com o uso de artefatos da sociedade, incluindo essa tecnologia.  Não se tratava, entretanto, de habilitar usuários no uso (ou para o uso) de um sistema computacional específico, mas possibilitar que eles desenvolvessem, por meio de métodos e sistemas, o repertório e a linguagem necessários para se tornarem de fato ativos no uso de tecnologia em seu cotidiano.  

Acomodar usuários com uma variedade de contextos sociais, culturais, habilidades, e conhecimento formal era, e ainda é, uma questão sensível no processo de design de artefatos computacionais.  As propostas de atividades desenvolvidas ao longo do Projeto e soluções construídas foram arquitetadas em práticas participativas com as partes interessadas, sendo sustentadas por um referencial teórico-metodológico construído a partir da Semiótica Organizacional (SO) e de técnicas da Interação Humano-computador (IHC). Indo ao encontro do caráter inclusivo do Projeto, em termos práticos o Projeto envolveu a concepção, design e desenvolvimento de um sistema computacional (VilanaRede) projetado com a própria comunidade, promovendo uma cultura de acesso ao conhecimento via tecnologia digital. 

Por sua natureza genuinamente interdisciplinar e sociotécnica, o Projeto envolveu pesquisadores de várias unidades internas e externas à Unicamp. Além do Instituto de Computação (IC) e do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED), participaram do Projeto pesquisadores do Instituto de Artes, da Faculdade de Tecnologia da Unicamp (FT) e do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI). Contou com a adesão da Secretaria de Cidadania da Prefeitura Municipal de Campinas, que possibilitou a participação, ao longo de todo o desenvolvimento do Projeto, da principal parte interessada: o cidadão, representado por um grupo de moradores da Vila União, em Campinas, São Paulo.  

O e-Cidadania atingiu resultados de grande impacto, tanto de ordem social (com o envolvimento e desenvolvimento dos participantes e divulgação na mídia geral) quanto de ordem acadêmica (com trabalhos premiados em eventos científicos relevantes nacional e internacionalmente).  A partir dos métodos, técnicas e práticas do Projeto, os usuários passaram a ser coautores dos artefatos da tecnologia que antes não podiam consumir, e os pesquisadores puderam experienciar o acesso participativo e universal no design de tecnologia digital sob uma nova perspectiva: a do design socialmente consciente. A partir desse Projeto, acesso ao conhecimento via TIC ou “informática na educação” passaram a ganhar novos contornos e sentidos com práticas participativas socio-situadas e coautoria no processo de design.

Memórias:

As memórias do Projeto e-Cidadania são tantas e muito intensas para os 3 anos de Projeto! Estão refletidas na pequena seleção de fotos que ilustram um pouco das práticas de design com a comunidade da Vila União, nas quais era impossível separar os pesquisadores das principais partes interessadas: os cidadãos da Vila União, pessoas de ocupações variadas na Vila, que compartilhavam conosco seus saberes e práticas enquanto criávamos juntos sistemas computacionais! As memórias estão também refletidas nas ações do grupo de pesquisadores, a maioria em seus programas de doutorado e mestrado no IC e no IA da Unicamp, à época! Eles “arregaçavam as mangas” e estavam sempre prontos para a (inter)ação, para a preparação de atividades, e para a programação de sistemas, comprometidos com o Projeto e sua relevância social! Não posso esquecer colegas (da Unicamp e do CTI) que participaram e a parceria da pesquisadora do NIED, M. Cecilia Martins dividindo comigo a gerência e atividades da equipe! Foi uma experiência tão intensa quanto prazerosa que deixou saudades de todos. O vídeo selecionado mostra um pouco da atmosfera do Projeto.   

As memórias do Projeto e-Cidadania também estão no livro “Codesign de Redes Digitais – tecnologia e educação a serviço da inclusão social” (link mais abaixo). O livro foi organizado de modo a representar as principais áreas do conhecimento envolvidas no Projeto, articulando tecnologias, mídias e sociedade, e contou com capítulos escritos por pesquisadores envolvidos no Projeto.  O conteúdo está distribuído em 15 capítulos agrupados em 4 Partes. A Parte I aborda as bases epistemológicas que sustentaram o desenvolvimento do Projeto e-Cidadania: a visão socialmente consciente para o design de sistemas computacionais e seu processo semio-participativo.  A Parte II caracteriza sistemas computacionais inclusivos na abordagem socialmente consciente e instrumentaliza para a prática do design e desenvolvimento de tais sistemas.  A caracterização envolve aspectos de flexibilidade, valores, metacomunicação, e awareness, enquanto resume lições aprendidas para o desenvolvimento e avaliação de software social.  A Parte III  mostra o “design inclusivo” situado em três contextos diferentes. Por fim, a Parte IV apresenta uma metarreflexão sobre o trabalho realizado, avanços ao estado da arte nos temas tratados, ao estado da técnica das soluções propostas e, sobretudo, ao desafio do “acesso participativo e universal do cidadão brasileiro ao conhecimento”, nosso mote principal.

Três Momentos de Práticas semio-participativas em Oficinas do Projeto:

Participantes em Oficina construindo juntas o layout da homepage do sistema Participantes discutindo em prática participativa do PACFILMO Participantes experimentando o sistema

 

Equipe:

  • Maria Cecília Calani Baranauskas (Coordenadora)
  • Amanda Meincke Melo
  • Carla Lopes Rodriguez
  • Diogo Moreira Bispo
  • Elaine C. S. Hayashi
  • Fernanda Brandão Silva
  • Frederico José Fortuna
  • Greice Cristina Mariano
  • Heiko Hornung
  • José Armando Valente
  • João Vilhete Viegas d’Abreu
  • Julio C. dos Reis
  • Leonardo Cunha de Miranda
  • Leonelo Dell Anhol Almeida
  • Marcos Borges
  • Marcos Rodrigues
  • Márcio Rubbo
  • Maria Cecília Martins
  • Maria Elisabette Brisola Brito Prado
  • Roberto Pereira
  • Rodrigo Bonacin
  • Vagner Figuerêdo de Santana
  • Vânia Paula de Almeida Neris
  • Diego Samir Melo Solarte
  • Tania Cristina Lima
  • Roberto Romani