Entrevista: Marcos Borges

Marcos Borges é coordenador-associado do Núcleo de Informática Aplicado à Educação (NIED), coordenador do laboratório de Informática, Aprendizagem e Gestão (LIAG) e líder do grupo Dinamização da Aprendizagem e Formação na Empresa (DAFE). Além de atuar como sócio e consultor na Auctus Consultoria e Treinamento Empresarial Ltda. é professor assistente e professor pleno no programa de pós-graduação na Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Sua trajetória acadêmica está centrada, principalmente, nos temas: informática na educação e Lean (production, IT e Startup). Na área de consultoria e gestão, trabalha com Gerenciamento de Projetos, planejamento estratégico e programas de melhoria de processos. Formou-se como bacharel em Engenharia da Computação, mestre e doutor em Ciência da Computação ambos pela UNICAMP. Desenvolveu projeto de pós-doutorado na Universidade do Porto, Portugal. Foi agraciado com o prêmio de melhor trabalho de doutorado em informática na educação em 2004, orientador do segundo melhor trabalho de conclusão de curso do CTD-IE do envento SBIE 2011 e do terceiro melhor trabalho de mestrado do CTD-IE do CBIE 2013.

Como você começou a trabalhar na campo da tecnologia e educação?

Foi sem querer. Estava no primeiro ano de graduação e a profa. Cecilia Baranauskas convidou alunos para experimentos na área. Fiz os experimentos, acabei me interessando pelo tema, fiz uma IC informal com a própria prof. Cecilia e depois mestrado e doutorado com ela.

Quais são as suas principais inquietações sobre a área de tecnologia e educação hoje?

Tive o privilégio de acompanhar excelentes discussões no NIED entre pesquisadores do nível de Cecilia Baranauskas, Heloisa Vieira da Rocha, José Armando Valente e, inclusive, Papert, quando estava no início de minha incursão na área. O que mais me inquieta é que pouco mudou nesses quase 30 anos. A tecnologia ainda não é usada na escola como meio, ainda é tratada como uma coisa a parte, algo “estranho”… A escola praticamente não mudou nesse período.

Descreva um projeto no qual você trabalha, que mais lhe motiva hoje?

Levar a tecnologia para as crianças, mostrar que elas são capazes de programar, de ir além de ser usuárias de computador. Oriento projetos que levam Scratch, AppInventor e outras plataformas para crianças humildes em várias situações sociais. Acredito que esses projetos podem ajudar essas crianças a ver que elas tem potencial de mudar suas vida, seus futuros, investindo em estudar e aprender tecnologia.

Quem você considera suas 5 principais referências (pessoas, artigos, livros, lugares) no que tange tecnologia e educação?

José Armando Valente, Cecilia Baranauskas, Papert, Media Lab-MIT, Mitchel Resnick (Scratch) .

Qual o projeto de (pesquisa, ensino ou extensão) que você ainda não conseguiu realizar e gostaria de ver sair do chão?

Disponibilizar, tornar conhecidos e criar interesse das crianças e jovens para usar as centenas de softwares, jogos, aplicativos, desenvolvidos em projetos de pesquisa na área de informática na educação quase todo ano que ficaram “na gaveta” após o fim dos projetos. É investido muito dinheiro público nesses programas e esse dinheiro tinha que se reverter na melhoria do nível de aprendizado dos jovens do Brasil, em especial daqueles mais humildes.