FORMAR

REFLEXÕES E IMPACTOS

O FORMAR teve como objetivo principal a formação de professores para implantarem os Centros de Informática e Educação em diferentes regiões do Brasil. No FORMAR I, realizado em 1987, o foco foram os Centros de Informática e Educação (CIEd) vinculados às Secretarias Estaduais de Educação, e no FORMAR II, realizado em 1989, o foco foi a implantação do Centros na Escolas Técnicas Federais (CIET), no ensino superior (CIES) e na Educação Especial.

Os cursos tinham como propósito a disseminação dos conhecimentos sobre informática na educação para outros centros, de modo que a pesquisa e as atividades nessa área não ficassem restritas somente aos cinco centros do EDUCOM. Portanto, essa formação pode ser vista como uma ação para atingir um número maior de profissionais de praticamente todos os estados do Brasil, possibilitando a criação de outros centros de pesquisa e formação em diferentes localidades brasileiras.

Essa formação foi realizada por intermédio de cursos de especialização lato sensu, mínimo de 360 horas, abrangendo diversos conteúdos da área de informática na educação. O primeiro curso foi realizado durante os meses de junho a agosto de 1987 e ministrado por pesquisadores, principalmente, dos projetos EDUCOM. Este curso ficou conhecido como Curso FORMAR I, cuja estrutura, disciplinas e conteúdos estão ilustrados na Tabela.

[AQUI VAI UMA TABELA]

Duração Disciplinas Práticas Disciplinas Teóricas
80 horas Programação na Linguagem Logo Piaget, Papert e Turkle
40 horas Processador de Texto e Planilha Introdução a Computadores
80 horas Elaboração de Software Educacional Skinner e Modelagem
80 horas Programação na Linguagem Pascal Introdução a Redes, a Inteligência
Artificial e Apresentação dos EDUCOMs
80 horas Elaboração de Propostas para os CIED Introdução à Elaboração de Projetos e Conferências

No início de 1989, no período de janeiro a março, foi realizado o segundo curso, o FORMAR II. O conteúdo desse curso foi repensado e a proposta do curso foi reelaborada, mantendo a mesma estrutura (veja o documento da Proposta do FORMAR II). O horário das disciplinas, bem como os respectivos responsáveis por cada atividade, pode ser visto na grade de horários semanais.

Tanto o FORMAR I quanto o FORMAR II foram realizados na UNICAMP, com estrutura muito semelhante, apesar de os objetivos específicos serem um tanto diferentes. Outros dois cursos, usando o mesmo modelo, foram realizados posteriormente, um em 1992, na Escola Técnica Federal de Goiânia e outro em 1993, na Escola Técnica Federal de Aracajú.

Tanto no FORMAR I quanto no FORMAR II, participaram cinquenta educadores, vindos de praticamente todos os estados do Brasil. Esses cursos tiveram duração de 360 horas, distribuídas ao longo de nove semanas: quarenta e cinco dias, com 8 horas diárias de atividades. Os cursos eram constituídos de aulas teóricas, práticas, seminários e conferências. Os alunos foram divididos em duas turmas, de modo que, enquanto uma turma assistia à aula teórica, a outra turma realizava aula prática, usando o computador de forma individual. O computador usado foi o MSX (dispúnhamos de trinta e cinco computadores para os cinquenta alunos) e de quatro computadores PC para os alunos tomarem conhecimento dessa nova máquina que estava entrando no mercado.

O FORMAR I e o FORMAR II apresentaram diversos pontos positivos. Primeiro, propiciaram a preparação de profissionais da educação que não tinham tido contato com o computador e que foram responsáveis pelas atividades nos Centros de Informática na Educação ou nas respectivas instituições de origem. Eles tinham como função a disseminação das atividades de informática na educação e a formação de novos profissionais nessa área. Praticamente todos os Centros de Informática em Educação realizaram atividades de formação de profissionais. Em segundo lugar, o curso propiciou uma visão ampla sobre os diferentes aspectos envolvidos na informática na educação, tanto do ponto de vista computacional, quanto pedagógico. Terceiro, o fato de o curso ter sido ministrado por especialistas da área de, praticamente, todos os centros do Brasil, propiciou o conhecimento dos múltiplos e variados tipos de pesquisa e de trabalho que estavam sendo realizados em informática na educação no país. Finalmente, esses cursos indicaram para os pesquisadores da área de informática na educação a necessidade de cursos de formação nessa área.

MEMÓRIAS

A estrutura e os resultados do FORMAR I foram discutidos entre os pesquisadores do EDUCOM e a proposta do curso FORMAR II foi reelaborada por Iracema P. L. Ferreira, José A. Valente e Léa da Cruz Fagundes, membros do Comitê Assessor de Informática na Educação do Ministério da Educação. Posteriormente ele foi discutido e alterado pelos demais membros do Comitê e pelos membros do Projeto EDUCOM. Embora o curso tenha sido realizado na UNICAMP, ele não era o curso do NIED, mas de todos os pesquisadores que faziam parte do Projeto EDUCOM e do Comitê Assessor Informática na Educação do MEC.

Um outro aspecto importante foi que o horário proposto deveria ser o mais compacto possível, no sentido de reduzir custos de hospedagens dos 50 participantes, que ficaram em hotéis. Com isso, o curso apresentou diversos pontos que merecem uma reflexão. Primeiro, eles foram realizados em local distante do local de trabalho e de residência dos participantes. Isso acarretou problemas de deslocamento dos participantes. Por outro lado, não existia no Brasil um centro que dispusesse de computadores em número suficiente para atender aos vinte e cinco professores simultaneamente. Para que isso fosse possível, foi necessário contar com a colaboração das fábricas Sharp e Gradiente que produziam os microcomputadores MSX. Segundo, o curso foi demasiadamente compacto, e não propiciou o espaço e o tempo necessários para que os participantes assimilassem os nied 40 anos: As quatro décadas do NIED em uma retomada reflexiva de seus projetos diferentes conteúdos e praticassem com alunos as novas ideias apresentadas. Terceiro, muitos desses participantes voltaram para o seu local de trabalho e não encontraram as condições necessárias para a implantação da informática na educação. Isso aconteceu tanto por falta de condições físicas (falta do equipamento), quanto por falta de interesse por parte da estrutura educacional. Alguns meses foram necessários para a construção das condições mínimas, de modo que os conhecimentos adquiridos pudessem entrar em operação. Não obstante essas dificuldades, certos aspectos do Projeto FORMAR, principalmente conteúdo e metodologia, passaram a ser usados como base para outros cursos de formação na área de informática na educação.

 

Equipe:

Pesquisadores NIED que atuaram no Projeto

  • José Armando Valente
  • Afira Vianna Ripper
  • Maria Cecília C. Baranauskas
  • Heloísa V. R. Corrêa Silva
  • Maria Elisabette B. B. Prado
  • Ann Berger Valente
  • Fernanda Maria Freire Barrella
  • João Vilhete Viegas d’Abreu